quinta-feira, 26 de março de 2015

Doce juventude








"Às vezes gostaria de voltar a ser criança pelos menos por um momento. Aproveitar o que não aproveitei e relaxar, pois quando se é criança com uma mente tão ingênua, não é necessário chorar por decepções. Crianças apenas choram por um brinquedo quebrado, porque aquele sim foi seu companheiro fiel em todas as suas aventuras, sem criticar-te, sem julgar-te. Crianças choram por um doce que elas desejavam, e não por um amor não correspondido. Crianças não choram pela dor sentimental feita por outra pessoa, mas sim pela dor de um machucado feito em uma brincadeira de um dia ensolarado. E eu me pego pensando na saudade que eu carrego dentro de mim, de todos os momentos em que vivi durando minha infância. O melhor momento na vida de uma pessoa. Quando eu me pegava olhando minha mãe e imaginando se um dia seria como ela, radiante, forte, batalhadora. Se um dia eu ficaria tão bem em cima de um salto alto como ela. Quando eu pegava suas maquiagens e tentava de alguma forma parecer tão bela quando as mulheres que eu observava passando por mim na rua. Sinto saudades de criar um mundo só meu, onde eu era a heroína e que em um futuro próximo um belo príncipe iria vir em seu cavalo branco e me proteger de todo o mau. Quando uma das minhas únicas preocupações era chegar à casa a tempo de ver o meu desenho preferido, ou quando chegava a casa e ficava ansiosa para ir à escola novamente no outro dia, pois teria passeio. Ou quando ficava contando os dias da semana para que a sexta-feira chegasse logo e pudesse levar meus brinquedos e correr com meus amigos. Quando ficava preocupada se iria casar com loiro, moreno, careca, cabeludo. E sonhava acordada em morar em um lindo castelo como os vistos em filmes. E se um dia seria a princesa mais bonita de todo o reino. Sinto a saudade de daquela ingenuidade de nunca ver malicia em nada e onde meninos e meninas não se misturavam, e ninguém sabia o real sentido da palavra amor, apenas aquele sentimento pelo pai e mãe. Sinto saudades de Quando fingia que guaraná era cerveja, que tic-tac era remédio, tudo para me sentir adulta. E de como ficava felizes por cantar aquelas músicas infantis e ficava olhando para o céu vendo formas nas nuvens. De como perguntava de onde os bebês vinham e minha mãe respondia que a cegonha vinha trazer. A saudade que tenho de só ficar com ciúmes porque alguém que estava brincando com algo meu. Então hoje em dia eu paro e penso naquela época o sentido da vida era tão simples, ser criança eram tão fácil. E atualmente, vejo como o mundo é, e me orgulho do tempo de quando era pequena. Hoje eu vejo que na verdade o papai Noel nunca existiu e que coelhinho da páscoa é apenas um símbolo, que o amor não é o sentimento perfeito que todos diziam ser, mas sim um sentimento que tem trás junto o sofrimento iminente. Hoje eu vejo que o mundo é feito de hipocrisia e com o crescimento vêm responsabilidades, vêm também às decepções, não apenas com alguém por quem se apaixonou, mas sim com amigos e familiares. O mundo passou a se tornar um lugar obscurecido, cheio de mentiras, preconceitos, falsidades e regras. Cercado de corrupção e injustiça, onde dizem que temos livre árbitro, mas se você der sua opinião iram julgar-te. Onde as pessoas são diferenciadas pela cor e a preconceito por isso. Ninguém mais vê que somos iguais por dentro e o que diferencia uma pessoa da outra é o caráter, uma coisa que nem toda população tem. São tantas regras impostas em uma sociedade que a população acaba por esconder como realmente são com medo do que outros podem dizer. Onde seu gosto musical pode influenciar no grupo social onde vive. Então, até onde uma pessoa muda seu caráter e sua opinião para viver em uma sociedade e ser aceita?”

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